Dior Lady Art #9
Símbolo e lenda, a Lady Dior personifica o estilo Dior por excelência, na convergência entre a elegância atemporal e a ousadia permanentemente renovada. Seu design arquitetônico refinado, destacado pelas linhas gráficas exclusivas do Cannage, combina os códigos eternos da Maison com a maravilhosa pluralidade de seu savoir-faire. Um objeto icônico de desejo com um destino extraordinário que continua a ser moldado por conceitos e eventos que transcendem continuamente os limites da inovação e da criatividade. Assim, desde 2016, para o projeto Dior Lady Art, a Maison oferece a artistas internacionais uma carta branca para revisitar esta bolsa excepcional, que é transformada em uma tela dos sonhos na qual eles transpõem sua visão, seu universo, sua singularidade.
Para esta nona edição, Sara Flores, Jeffrey Gibson, Woo Kukwon, Danielle Mckinney, Duy Anh Nhan Duc, Hayal Pozanti, Faith Ringgold, Vaughn Spann, Anna Weyant, Liang Yuanwei e Huang Yuxing se apropriam da Lady Dior como um emblema fascinante da metamorfose poética. Traduzindo sua perspectiva única, ampliando a narrativa de suas obras e ecoando seus valores, cada reinterpretação é um verdadeiro desafio que exige extraordinária destreza. Uma arte de detalhes meticulosos, unindo magia e realidade através dos prismas da excelência e da imaginação. Uma combinação alquímica entre a tradição e a liberdade criativa da Dior, que ressoa como uma ode à paixão e às culturas do mundo.
Vaughn Spann
Vaughn Spann é um artista nascido nos EUA que mora em Nova Jersey, cuja produção vibrante e expressiva é uma mistura de elementos abstratos e figurativos. Os temas explorados por ele (história, cultura e identidade afro-americanas) surgem através de uma paleta rica com texturas variadas e personagens quase de ficção científica em um horizonte quimérico de um conto contemporâneo. Deslocando as fronteiras tradicionais da arte, com destaque à dualidade dos seres e do mundo, suas combinações dinâmicas e profundamente pessoais são acompanhadas de fortes símbolos iconográficos, despertando emoção e reflexão. Esta perspectiva é perpetuada em suas versões da icônica Lady Dior. Em um jogo de códigos masculinos e femininos, o primeiro modelo, uma versão oversized, revisita a forma e o espírito funcional das pastas dos anos 1980, todas em transparência rosa, e exibe um “X” central, um motivo recorrente na obra de Spann. O segundo modelo é adornado com estruturas geométricas de várias de suas telas, enquanto os dois últimos representam, respectivamente, suas pinturas de 2020 “Firestorm” e “Untitled (stormy)” com efeitos marcantes de materiais, relevos e contrastes, irresistivelmente pop e lúdicos.
Liang Yuanwei
Por meio de suas telas texturizadas, transmitindo uma meticulosidade virtuosa, a artista chinesa Liang Yuanwei se concentra na percepção da vida cotidiana e na passagem do tempo. Suas composições delicadas e experimentais definem uma nova linguagem visual com motivos repetitivos e desenhos florais, fundindo herança ancestral com inventividade. Nesta nona edição da Dior Lady Art, a pintora encontrou inspiração em sua série Golden Notes, transpondo e revisitando-a na icônica bolsa. Confeccionada em resina usando um processo de impressão 3D, esta peça excepcional é adornada com uma infinidade de flores, revelando, ao toque, uma surpreendente combinação de materiais e sensações. Este efeito celebra a beleza pura da cerâmica craquelê, reproduzindo os vasos da dinastia Song no cerne das influências por trás desta obra. Apresentado em uma paleta verde que expressa a elegância do reino vegetal, este objeto cativante é valorizado por acabamentos preciosos em metal dourado envelhecido que remete à cerâmica Ru, enquanto as alças de mão e a alça de ombro evocam o jade.
Duy Anh Nhan Duc
Nascido na cidade de Hô Chi Minh e atualmente vivendo em Paris, o artista vietnamita Duy Anh Nhan Duc faz da natureza a matriz essencial de suas obras. O artista botânico cria instalações infinitamente poéticas compostas por plantas, como dentes-de-leão, salsifis, cardos, trigo e trevos, que ele nos convida a redescobrir. Fruto de incansáveis coletas, sua obra tece um diálogo fascinante com os ciclos da vida, mais do que nunca dependente da fragilidade do momento. Para a Dior Lady Art, Duy Anh Nhan Duc criou uma reinterpretação que reflete sua paixão pela horticultura e a emoção que sente pelas maravilhas do mundo vegetal. Sua Lady Dior é adornada com uma profusão de detalhes exuberantes, incluindo um motivo floral gravado em relevo no couro, inteiramente vegano, valorizado por uma treliça sublime e um bordado precioso. Um arranjo maravilhoso, coberto com flores, ramos e galhos em metal dourado com acabamento requintado, revelando os veios, quase esculpidos, que passam por suas folhas. Como surpresa final, um ramo de videira dourado envolve a alça de mão deste objeto excepcional, revelando um delicado dente-de-leão, a inscrição do artista, contido em uma gota de resina, tornando-se assim um talismã secreto.
Anna Weyant
Nascida em Calgary, Canadá, Anna Weyant aproveita uma ampla variedade de influências, desde a era de ouro dos mestres holandeses até a cultura pop contemporânea. Repletas de surrealismo e mistério, suas pinturas figurativas e tragicômicas questionam as convenções sociais e os códigos da feminilidade, em retratos ou naturezas-mortas, com uma atmosfera nostálgica, às vezes inquietante, entre a luz e a sombra.
Uma visão ousada e melancólica, sempre profundamente sensível, que ela transcreve em suas virtuosas reinvenções da Lady Dior. Uma versão média faz referência aos veios da madeira, um padrão encontrado em muitas das suas obras. No segundo modelo, inteiramente dourado, as rosas e margaridas que decoram sua obra ganham vida, transformando-se em esculturas que adornam a parte superior da bolsa. Uma ode à excelência dos ateliês da Maison, as linhas gráficas do emblemático Cannage são recriadas em uma versão delicadamente decorada com um motivo de margarida.
Jeffrey Gibson
Entre tradição e reinvenção, Jeffrey Gibson elabora obras ultracoloridas que unem o trabalho artesanal tradicional dos nativos americanos com uma estética ousada e quase psicodélica. Um artista versátil, ele combina pintura, escultura, gravação, tecidos e vídeo para criar um vocabulário visual híbrido. Suas criações adquirem o poder da fala, entoando slogans contemporâneos ou versos de músicas: narrativas assumindo formas singulares e celebrando o esquecido, o marginalizado. São convites para a (re)leitura do cotidiano e da sociedade através dos prismas da arte, da paixão e dos sonhos. Jeffrey Gibson agora transpõe seu universo único para uma Lady Dior em uma metamorfose absolutamente pop inspirada em seus icônicos sacos de pancadas de boxe revisitados como instalações artísticas. Desviados de sua função original, esses dois acessórios simbólicos, do esporte e da moda, representam uma ode ao amor. Em uma cativante interação dual, o emblema Dior é gravado de um lado com a inscrição “love, love, love” inteiramente em pedraria e do outro com vários cadeados de coração, produzidos com impressão 3D, em um tributo emocionante àqueles encontrados nas pontes parisienses. Uma peça repleta de alegria e declarações carinhosas, para si próprio e para quem se ama.
Danielle McKinney
Em seus inquietantes retratos cinematográficos, Danielle Mckinney, nascida em 1981 em Montgomery, Alabama, capta todas as sutilezas da esfera privada. Recontando narrativas recônditas, ela evoca personagens femininas em espaços muitas vezes domésticos que se tornaram “quartos próprios”: fotos de paisagens mentais, refletindo a introspecção e vários momentos da vida de uma mulher. Seu estilo, com tons vívidos e contrastes fabulosos de luz, incentiva o espectador a ler o invisível, a conjecturar sobre o indizível. Uma poesia cativante do dia a dia, transformando-se em um léxico elegante em uma deslumbrante Lady Dior. Revelando meticulosamente os movimentos da tinta, o tecido castanho, levemente rugoso, reproduz, como um breve eco, a textura emblemática de suas telas. No centro, a silhueta de uma menina, o principal símbolo da artista, é delicadamente bordada à mão, fio a fio, com um virtuosismo infinito, lembrando o domínio absoluto e as cores mágicas de suas obras pictóricas. Representando o voo da imaginação, uma borboleta pousa no coração desta cena, enquanto outra flutua na alça de mão da bolsa. Em uma paleta refinada, com toques de vermelho vívido, os ornamentos preciosos brilham. Uma reinvenção impressionante.
Hayal Pozanti
Hayal Pozanti busca, em suas telas, materializar e compreender a fisicalidade de todas as coisas. Por meio de formas orgânicas exuberantes em cores vívidas e variadas, ela cria paisagens e retratos abstratos fantásticos, nos quais, em essência, nossa relação com a vida ganha forma. As suas obras, tão conceituais como emocionais, constituem uma metáfora da inteligência humana, focando o olhar em um lugar fictício irresistivelmente real.
Para a Dior Lady Art, ela criou três peças nas quais sua visão fantasmagórica da natureza é retratada, como um convite à exploração e ao movimento. Jornadas oníricas rumo ao coração das montanhas, as duas primeiras bolsas Lady Dior são adornadas com detalhes esportivos inspirados em uma de suas paixões, a caminhada: inserções em pele de ovelha, que remetem ao forro de botas de caminhada, mosquetões e pés que lembram as pontas em forma de estrela de bastões de trilha. Os icônicos berloques D.I.O.R. são recriados em um alfabeto hieroglífico concebido pela artista. A última reinterpretação, uma clutch pintada à mão, revela um cenário noturno enriquecido por uma nuvem de strass meticulosamente inserida em uma chuva de cometas hipnotizantes. O interior é revestido por espelhos, permitindo uma leitura de si e do mundo.
Sara Flores
Uma verdadeira aliança sinergética de excelência entre passado, presente e futuro, a obra da artista peruana Sara Flores é inspirada em Kené, uma prática antiga no coração das tradições do povo Shipibo-Conibo que vive ao longo das margens do rio Ucayali. Fortemente enraizadas em sua herança cultural, suas criações revelam labirintos hipnóticos que ilustram a interconexão do ecossistema amazônico.
Para este novo capítulo da Dior Lady Art, a artista desejava destacar as habilidades e o legado únicos desta comunidade e criou duas bolsas com detalhes que ecoam suas obras pessoais com o uso de pigmentos vegetais. Ambas exibem um motivo serpeante discretamente bordado. A harmonia estética desse design, característico da população nativa, promete a cura espiritual: o olhar segue as trajetórias intencionais dos traços. Com uma cobra enrolada em sua alça de mão, o primeiro modelo, disponível em tamanho médio, cintila com uma constelação de pedras pretas, enquanto o segundo, em formato míni, é cravejado com inúmeras gemas prateadas. Objetos de desejo oferecendo uma experiência sensorial que revela mais do que nunca a beleza múltipla destes costumes ancestrais.
Woo Kukwon
A arte de Woo Kukwon, da Coreia do Sul, revela-se essencialmente através de pinturas a óleo, desenhos em papel e instalações. Reapropriando-se de contos de fadas com expressões estereotípicas, deliberadamente infantis e travessas, suas composições com um tom alegre refletem a coexistência ambivalente da ficção e da realidade, combinando elementos figurativos e a arte pop.
Esta perspectiva permeia suas cinco metamorfoses da eterna Lady Dior. Duas peças de tamanho médio retratam personagens representando sua esposa, sua filha e seu cachorro, habitando dois espaços encantadores. Na primeira peça, eles observam um céu estrelado acima de uma colina adornada com fios coloridos: dentro, é possível ler as palavras "My universe" em homenagem à sua filha. Na segunda bolsa, eles são retratados caminhando sob cerejeiras em flor, com o esplendor da vegetação florescendo nas alças de mão e nos ilhoses. Ilustrando a diferença entre fato e fantasia, a terceira versão extremamente irônica é adornada com um urso polar meticulosamente bordado e a frase “Killing me softly”. Uma versão míni é adornada com videiras de pérolas (nas cores laranja, azul, vermelha e branca) que imitam uma pelagem suntuosa, enquanto uma versão micro é cravejada com uma infinidade de pedras pretas e tachas contrastantes com a inscrição Christian Dior. Como uma surpresa final e incrivelmente divertida, seu fiel animal de estimação aparece em alguns fechos, na forma de um berloque refinado.
Faith Ringgold
Um ícone perpetuando o Renascimento do Harlem, Faith Ringgold foi protagonista na luta pela arte feminista e pelos direitos civis. Na convergência entre as tradições seculares e as belas-artes, seu trabalho é principalmente baseado no uso inovador do acolchoado. Ela explora questões de gênero e justiça social por meio de composições de cores vibrantes repletas de elementos textuais e têxteis. O fascinante diálogo entre Faith Ringgold e Maria Grazia Chiuri, que começou em 2022, continuou durante o desfile de alta-costura Outono-Inverno 2024-2025, celebrando sua obra e visão engajadas. Para a Dior Lady Art, a artista lendária concebeu seis criações excepcionais antes de seu recente falecimento em abril de 2024. O mantra “Freedom Woman Now” destaca duas bolsas Lady Dior em uma montagem de materiais metálicos. Por sua vez, os “thangkas” da série Windows of the Wedding florescem em uma versão inteiramente bordada com contas, bem como nas alças de mão e nos berloques de outra reinterpretação. Uma homenagem à ousadia inventiva da comunidade afro-americana, a figura central Mama Can Sing é apresentada em um modelo em couro preto. Revestida em azul-midnight com os contornos da ponte George Washington, uma última versão destaca Cassie, a protagonista de seu primeiro livro, “Tar Beach”, como uma ode ao sonho universal de liberdade.
Huang Yuxing
Considerado um dos talentos mais inovadores da cena contemporânea, Huang Yuxing, nascido em Pequim, destaca-se por sua capacidade de criar obras que contam a história de sua origem. Diferenciado por contrastes atraentes e uma paleta extravagante, que remete à técnica chinesa de Gongbi, suas telas oferecem um vislumbre da passagem do pincel e da mão do pintor, dando vida a paisagens oníricas e abstrações hipnotizantes. Um universo surpreendente, onde a fantasia e a realidade se encontram, refletido em quatro apropriações excepcionais da Lady Dior, incluindo dois modelos médios que ecoam elementos psicodélicos do Paraíso e da Terra. Apresentadas respectivamente em tons de laranja para o dia e azul-midnight para depois do anoitecer, essas peças virtuosas são valorizadas por acabamentos dourados, sugerindo a elegância da ourivesaria chinesa. Idealizada em um formato pequeno, outra bolsa exibe desenhos que revelam um mundo praticamente de ficção científica, enquanto a última versão, com um espírito dos anos 60, brilha em couro cintilante, adornado com lantejoulas e berloques D.I.O.R. irisados, remetendo aos tons favoritos do artista.